Indicações julho

Na ponta da língua e ao alcance dos olhos. Sugestões de leitura que dialogam com o universo negro e afro-brasileiro.

12 junho 2017

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Lima Barreto – Triste Visionário

Autor(a): Lilia Moritz Schwarcz

Editora: Companhia das Letras (2017)

A primeira biografia de Lima Barreto (1881-1922) foi publicada em 1952 pelo historiador e biógrafo Francisco de Assis Barbosa. Apesar do trabalho pioneiro, muitas questões relacionadas ao autor ficaram encobertas, principalmente aquelas que pautavam as relações entre sua condição de homem negro e pobre. O longo trabalho de Lilia Moritz Schwarcz, intitulado Lima Barreto – Triste Visionário, publicado pela Companhia das Letras, busca preencher essa lacuna a partir de seu olhar enquanto historiadora e antropóloga.

A obra perpassa os principais acontecimentos da vida do autor: sua infância e convivência com a família, as dores para se firmar enquanto intelectual negro, suas internações no manicômio e seu vício pelo álcool. Ao mesmo tempo, cada uma das principais produções do autor são incorporadas no livro, proporcionando, dessa maneira, a percepção da íntima relação que existe entre Lima Barreto e sua obra.

Assim, Lilia Schwarcz busca projetar uma nova imagem para Lima Barreto: a de um escritor combatente do racismo na sociedade brasileira e de um sujeito aprofundado em suas angústias e contradições.

Na minha pele

Autor(a): Lázaro Ramos

Editora: Companhia das Letras (2017)

Após dez anos de maturação, Lázaro Ramos lançou o livro Na minha pele, pela Companhia das Letras. É a primeira obra direcionada ao público adulto, já que ele é autor de quatro livros para o público infantil. Depois de vários anos à frente do programa Espelho, do Canal Brasil, e após ter se consolidado como um dos maiores atores brasileiros, Lázaro Ramos também se firma como um artista militante e reflete sobre racismo, cotas, família, afeto e empoderamento.

Espécie de mistura entre autobiografia e diário, já nas primeiras páginas o leitor é abraçado pelo bom humor e, a partir daí, uma conversa franca e amigável se desenrola, como quem recebe um querido convidado na cozinha de casa. Lázaro fala sobre sua infância na ilha do Paty, a adolescência no bairro do Garcia, em Salvador, e a relação com o Bando de Teatro Olodum.

O ator-autor revela aspectos íntimos de sua trajetória, como a vida em família, o casamento com Taís Araújo, o nascimento dos filhos, seus sonhos e escolhas, os encontros que mudaram sua vida e a consequente tomada de consciência enquanto homem negro. Fala, ainda, sobre a importância do diálogo e da relação com o outro, ideia já evidenciada na epígrafe do livro, retirada de uma entrevista com o rapper Emicida, no programa Espelho, em 2016: "Todos nós somos educados de uma maneira muito torta acerca do outro. O que a gente pode fazer é admitir que estamos em obras e ir corrigindo isso”.

Heroínas Negras Brasileiras em 15 cordéis

Autor(a): Jarid Arraes

Editora: Pólen Livros (2017)

A jovem escritora Jarid Arraes, filha e neta de cordelistas do Ceará, publicou o livro Heroínas Negras Brasileiras em 15 cordéis, pela editora Pólen Livros. Ilustrado em xilogravura por Gabriela Pires, a obra resgata as narrativas de mulheres negras que lutaram pelo reconhecimento de seus direitos. Foram quatro anos de árdua produção e pesquisa – em razão dos escassos registros históricos confiáveis – até a autora eleger 15 heroínas negras. Escritoras, ativistas, líderes de quilombos e de revoltas contra a escravidão têm suas biografias contadas em cordel.

Singular oportunidade para conhecer a história de: Antonieta de Barros, Aqualtune, Carolina Maria de Jesus, Dandara dos Palmares, Esperança Garcia, Eva Maria do Bonsucesso, Laudelina de Campos, Luísa Mahin, Maria Felipa, Maria Firmina dos Reis, Mariana Crioula, Na Agontimé, Tereza de Benguela, Tia Ciata e Zacimba Gaba.

Vale a pena levar essas personagens históricas para a sala de aula. “São mulheres de épocas diferentes, de Estados diferentes, que lutaram batalhas diferentes e que marcaram nossa história e nos deixaram um legado valioso”, evidencia Jarid, em entrevista ao HuffPost.

17 thoughts on “Indicações julho

  1. O desafio está lançado, escrever e desafiar nossos alunos a entrar neste universo é fascinante. A literatura tem a força de despertar mundos e sonhos que estão adormecidos nos corações a espera de um empurrão e este é o nosso trabalho, contribuir para que este mundo tome forma e se compartilhe com o universo inteiro.

  2. Li o livro de Lázaro Ramos e fiquei mais afeita à reflexão do nós somos e como vemos o outro.
    Estamos realmente sempre em obras.
    Muito bom ver a obra como indicações deste portal educativo.

  3. Excelentes indicações! Acredito que precisamos ampliar o sentido do ensino da literatura: esta não deve ser utilizada apenas como pretexto para avaliações, mas devem servir para discussão de temas que tragam significado para a nossa existência! Além disso, neste mundo cada vez mais virtual, a sala de aula torna-se um excelente espaço para o diálogo!!!!!

  4. Que tudo:”Todos nós somos educados de uma maneira muito torta acerca do outro. O que a gente pode fazer é admitir que estamos em obras e ir corrigindo isso”.

  5. O livro Heroínas Negras Brasileiras é fantástico. Com esse material é possível trabalhar com alunos do primeiro e segundo segmento.

  6. Excelentes indicações! A leitura nos ensina a compreender o mundo. Transforma nossas vidas de uma forma mágica , construindo novos saberes.Nos faz APRENDER a APRENDER.

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