Arquiteta

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Geni Guimarães


Sondadora do mundo (embora aguda e suspeita),
teço palavras
para, nas curvas das asas,
reinventar o paraíso.
Na arquitetura que esboço,
nada é curto, breve ou efêmero.
O infinito será a meta,
Para satisfazer as aspirações dos homens.

 

Tudo é lícito e transparente,
como o meu sonho:
nenhum recado furtivo,
passadas bizarras,
esquisitices na entrega.

 

Nada de choros, lamentos,
gritos, sussurros, suturas e cirurgias,
posto não haver ferimentos.

 

Todo coração estará de prontidão,
para cingir alma lisa, leve e transparente.
Todas as mãos serão abertas,
para dar, receber, acariciar,
e, sobretudo, amparar na queda.

 

In: Poemas do regresso. Rio de Janeiro: Malê, 2020, pp. 101-102.


Geni Mariano Guimarães é professora, poeta e escritora. Nasceu no município de São Manuel (SP), em 8 de setembro de 1947. Iniciou a carreira literária escrevendo para jornais no interior paulista, onde envolveu-se com questões socioculturais do campo e começou sua reflexão em torno da literatura negra. Escreveu vários livros, entre eles: Terceiro filho (poemas), Balé das emoções (poemas), A dona das folhas (infantil), A cor da ternura (contos), Leite do peito (contos), O rádio de Gabriel (infantil), Aquilo que a mãe não quer (infantil), O pênalti (infantil) e Poemas do regresso (poemas). Também publicou na série Cadernos Negros e participou de algumas antologias.

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