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Ricardo Aleixo: “Eu jogo palavra no vento e fico vendo ela voar”

5 de novembro de 2019

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Na manhã do segundo dia, professores semifinalistas da categoria Poema tiveram um encontro muito especial com Ricardo Aleixo. O poeta, músico, artista visual, pesquisador e educador conversou sobre a poesia na escola, oralidade, direito à palavra e questão racial, entre muitos outros assuntos.

Por meio de provocações à plateia, Ricardo iniciou sua fala apontando possibilidades para o trabalho com a poesia em sala de aula: “Quando foi que você leu um livro inteiro de poesia pela última vez, sem que fosse para trabalhar os poemas com seus alunos?” e “Você seria capaz de citar um poema que contribuiu para a transformação de algum aspecto da sua vida?”

O poeta defendeu que é necessário deixar-se surpreender pela poesia: “O desafio que coloco para todos nós ali da sala é a descoberta do poema como um objeto aberto a diferentes abordagens”, diz, para em seguida refletir sobre a força da voz: “A primeira leitura será sempre em voz alta; todas as vozes juntas, empenhadas em descobrir, sob a minha orientação, a voz do poema. Sem a escuta dessa voz, que séculos de predomínio da palavra escrita não conseguiram silenciar, torna-se praticamente impossível incorporar o poema – no sentido de deixá-lo ganhar o corpo – como algo prazeroso, e vivenciá-lo plenamente, que é o oposto de apenas interpretá-lo e, com alguma sorte, entendê-lo.”

Ricardo ainda reivindicou “o direito radical à palavra pública”, que seria quando todas as diferenças podem ser explicitadas. O escritor também compartilhou suas memórias, sobretudo as relacionadas às de sua trajetória com as palavras, e destacou a presença de sua mãe, que, segundo ele, foi a que mais amor demonstrou à palavra, embora não tenha tido a oportunidade de terminar a escola. Para arrematar a resposta, leu o poema “Palavrear”, de sua autoria, cujo trecho é possível ler a seguir:

Minha mãe me deu ao mundo

e, sem ter mais o que me dar,

 

me ensinou a jogar palavra

no vento pra ela voar.

 

Dizia: “Filho, palavra

Tem que saber como usar.

 

Aquilo é que nem remédio:

Cura, mas pode matar.

[…]

Para ler o poema na íntegra, clique aqui.

Confira no vídeo abaixo trechos da palestra, um bate-papo após o evento e falas de professores que participaram da conversa.

 

  • Palavras faltam para agradecer essa oportunidade, de estar em meio a tantas pessoas especiais..Poeta de excelência parabéns

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