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Vozes insurgentes: palestra de Bianca Santana

18 de novembro de 2019

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“Se a gente vive em uma sociedade desigual, uma escrita que não se proponha a abalar essa estrutura, na minha perspectiva, faz menos sentido. E o artigo de opinião – como esse texto de análise, de interpretação – pode ter esse objetivo de colocar as pessoas para refletir sobre uma realidade que pode ser alterada a partir da nossa ação”, diz a jornalista, escritora, pesquisadora e professora Bianca Santana aos semifinalistas, na manhã do segundo dia.

Bianca falou aos professores sobre escrita, intelectualidade e combate às desigualdades. Para isso, retomou os percursos de diferentes intelectuais negras brasileiras, como a escritora Maria Firmina dos Reis (1822-1917); a jornalista, professora e política brasileira Antonieta de Barros (1901-1952); a historiadora, antropóloga e professora Lélia Gonzalez (1935-1994); e a jornalista Neusa Maria Pereira (1955). Bianca ressaltou a potência de seus escritos e evidenciou como essas mulheres negras “abriram caminhos”.

A palestrante também falou sobre a noção de lugar de fala, compreendido equivocadamente como se pessoas que não pertencem a determinado grupo social não pudessem falar sobre ele. Na realidade, o que está em jogo é o fato de que todas as pessoas enxergam o mundo a partir de uma perspectiva muito pessoal. “Todo mundo escreve a partir de um ponto de vista. Qualquer pessoa pode escrever sobre qualquer tema, desde que considere o próprio locus social […], sem desconsiderar o próprio lugar de onde observa o mundo e de onde fala”, esclarece. Bianca ainda fez uma associação com a ideia de escrevivência – cunhada pela escritora Conceição Evaristo, homenageada da 6ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa -, ao pontuar que o conceito trata da escrita a partir da experiência pessoal e coletiva de mulheres negras.

Para tratar da necessidade da coexistência e do reconhecimento de diferentes saberes, Bianca retomou as reflexões da filósofa Sueli Carneiro, no que diz respeito ao conceito de epistemicídio: “O conhecimento formulado por pessoas negras também foi exterminado, então as pessoas negras não são reconhecidas como produtoras de conhecimento. Essa também é uma face da morte, porque impõe determinado grupo social sobre os demais”. Na mesma linha de raciocínio, Bianca apontou possibilidades para um país mais equitativo: “uma das formas de a gente ter uma sociedade igualitária, justa, na qual todas as pessoas possam viver, é a efetivação de que todas as pessoas e grupos sociais sejam reconhecidos como produtores de conhecimento”.

 

Clique aqui para acessar o ppt utilizado por Bianca Santana em sua apresentação.

– Acesse também o livro Vozes insurgentes de mulheres negras: do século XVIII à primeira década do século XXI, organizado por Bianca Santana.

 

Veja no vídeo abaixo falas de professores e da palestrante sobre a atividade:

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